domingo, 25 de abril de 2010

O Rio Araguaia e o utilitarismo humano



Quando criança, em meus primeiros livros escolares, aprendia que havia na natureza animais úteis e animais nocivos. Os úteis seriam, por exemplo, o gado bovino, que segundo os escritos daquelas cartilhas, daria ao ser humano sua carne, leite, pele e seus ossos. Quanto aos animais ditos nocivos: cobras e escorpiões, entre outros, de nada serviam e deveriam ser mortos. Uma ideologia absurda, mas que ajudou a moldar as concepções ambientais de muita gente.
O utilitarismo irracional dos recursos naturais tem provocado danos irreversíveis à fauna, à flora, à biodiversidade e à beleza. Para algumas pessoas, olhar uma floresta é ver madeira; olhar um bicho é ver carne e pele.
Há quem olhe um rio e não o veja como um ente vivo, suporte para a vida de espécies animais e vegetais. Vê nele uma hidrovia ou o local ideal para transportar madeira do desflorestamento ou até como local para onde se deve destinar o esgoto doméstico ou industrial.
Com este tipo de visão, o falecido senador ruralista Jonas Pinheiro deixou uma bomba de efeito retardado no Congresso. Um projeto de decreto legislativo que tramita desde 2004 e objetiva transformar o Rio Araguaia e o Rio das Mortes em uma extensa hidrovia. A justificativa principal é a da necessidade de baratear o transporte de carne e soja produzidas na região.
Para a consecução do objetivo, o projeto prevê explosões de rochas e dragagens no leito daqueles rios, entre outras ações que buscariam dar navegabilidade àqueles corpos d’água que cortam o Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará.
São mais de duzentos quilômetros de extensão de rios que atravessam florestas, cidades e terras indígenas e que sofrerão, se aprovada tal proposta, um acelerado processo de degradação, ameaçando as populações ribeirinhas e toda a vida aquática que depende de sua integridade.
É este utilitarismo que tem sido responsável pelas agressões ambientais pelas quais passa o Planeta.
Muito desta mentalidade antropocêntrica e utilitarista sobre o meio ambiente tem mudado, mas, infelizmente, perdura em projetos e na mente de grande parte de nossos representantes políticos.

4 comentários:

Unknown disse...

É!!! De novo o progresso, o desenvolvimento, o crescimento nacional, a geração de novos empregos serão colocados como motivos para agressões ao meio ambiente. Quando é que pararemos para pensar num novo modelo de desenvolvimento onde a fauna e a flora sejam respeitadas?? Tô ficando cansada de ouvir estes discursos oportunistas! Pensei que um governo de esquerda fosse levar mais em conta, de verdade, o tal do "desenvolvimento sustentável".

Anônimo disse...

Olá Gabriel,
mas o que você tem a dizer sobre a barbaridade, do ponto de vista ambiental (e outros mais), que é Belo Monte?
Qual foi o interesse de Lulla em forçar de todos os modo a aprovação desse projeto?

Abraços do

Decio

Gabriel Bitencourt disse...

Belo Monte: se o projeto levou 30 anos para ser aprovado, por que não se investiu, durante este tempo em fontes alternativas?
É um outro absurdo!

Anônimo disse...

Olá amigo das letras, sou escritora meu email é escritora@izabellevalladares.com.br, este também é meu msn, sou ativista cultural e trabalho para o Intercâmbio Internacional Pontes culturais, um projeto que auxilia escritores á publicarem no exterior, lança concursos junto com editoras e envia trabalhos.
Este projeto está lançando um livro para a feira de Frankfurt, que custará apenas R$25,00 por texto selecionado, serão 100 textos, e todos podem participar, mesmo não tendo publicado antes, pegue informações de como se inscrever no intercâmbio, vale muito á pena, meu livro A cúpula das vaidades, foi publicado no Chile através deste projeto.
Saudações literárias!
visite meu blog, http://blogdaizabellevalladares.blogspot.com/, tem um formulário de contato, que as mensagens chegam direto no meu cel, ou email.Um abraço!