sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Por que não colocar árvores de plástico nas avenidas?


Há mais de uma década tenho tido embates com os representantes de plantão do governo municipal de nossa Sorocaba pelos mesmos motivos, cujo fator gerador é a falta de uma política de arborização urbana ambientalmente conseqüente.
Cortam-se árvores sem justificativas adequadas (já arrancaram um pau-brasil em uma pracinha ao lado da avenida general Osório, com dez anos, sem justificativa plausível; cortaram um pé de Jatobá centenário na avenida Itavuvu possivelmente porque não iria “ornar” com o modelo pasteurizado implantado pelas últimas administrações tucanas (grama esmeralda e arbustos);
Poda-se, tecnicamente, mal – Contratam-se empresas que não treinam seus funcionários e que ganham por produção – saem cortando podando o que podem e o que não podem;
Descumprem acordos feitos com o Ministério Público – Firmamos um acordo que gerou a doação de 65 mil mudas e o chamado projeto Minha Cidade Mais Verde. Não se conhecem os detalhes sobre a execução do acordo, mas sabe-se que ele não foi cumprido.
...e agora, a moda são palmeiras e vasos. Para a atual administração, árvores são enfeites e não seres vivos que ao cumprirem seu papel ecológico e ao exercerem sua fisiologia, trazem uma série de benefícios (limpam e umidificam o ar, produzem sombreamento, por exemplo). Canteiros centrais enormes, IMPERMEABILIZADOS, agora recebem vasos e palmeiras.
Agora só falta colocarem árvores artificiais feitas de plástico e pano colorido.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tentando proteger!



"TENTAMOS PROTEGER A ÁRVORE, ESQUECIDOS DE QUE É ELA QUE NOS PROTEGE".

Quero publicar uma série de considerações sobre a arborização urbana, especialmente em Sorocaba.
De início, para provocar, esse aforisma de Drummond, em "O avesso das coisas".

A foto que ilustra esta matéria registra o ato da assinatura de um decreto do prefeito de Porto Feliz, Cláudio Maffei, que aceitou, prontamente, minha sugestão de tornar esse belo espécime de Jequitibá "imune de corte". Valeu, Maffei! Assim, outros prefeitos tivessem sua sensibilidade para com a causa ambientalista!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O abalo dos muros

O texto que se segue foi publicado na "Folha de São Paulo", na coluna Tendências/Debates. Resolvi reproduzí-lo aqui, por conta da importância política do tema e da brilhante análise feita por seu autor.


O abalo dos muros
FREI BETTO



O programa Bolsa-Fartura de Bush reúne quantia suficiente para erradicar a fome no mundo. Mas quem se preocupa com os pobres?



NO PRÓXIMO ano, completam-se 20 anos da queda do Muro de Berlim, símbolo da bipolaridade do mundo dividido em dois sistemas: capitalista e socialista. Agora assistimos ao declínio de Wall Street (rua do Muro), na qual se concentram as sedes dos maiores bancos e instituições financeiras.
O muro que dá nome à rua de Nova York foi erguido pelos holandeses em 1652 e derrubado pelos ingleses em 1699. Nova Amsterdam deu lugar a Nova York.
O apocalipse ideológico no Leste Europeu, jamais previsto pelos analistas, fortaleceu a idéia de que fora do capitalismo não há salvação. Agora, a crise do sistema financeiro derruba o dogma da imaculada concepção do livre mercado como única panacéia para o bom andamento da economia.
Ainda não é o fim do capitalismo, mas talvez seja a agonia do caráter neoliberal que hipertrofiou o sistema financeiro. Acumular fortunas tornou-se mais importante que produzir bens e serviços. A bolha especulativa inflou e, súbito, estourou.
Repete-se, contudo, a velha receita: após privatizar os ganhos, o sistema socializa os prejuízos. Desmorona a cantilena do 'menos Estado e mais iniciativa privada'. Na hora da crise, apela-se ao Estado como bóia de salvamento na forma de US$ 700 bilhões (5% do PIB dos EUA ou o custo de todo o petróleo consumido em um ano naquele país) a serem injetados para anabolizar o sistema financeiro.
O programa Bolsa-Fartura de Bush reúne quantia suficiente para erradicar a fome no mundo. Mas quem se preocupa com os pobres? Devido ao aumento dos preços dos alimentos, nos últimos 12 meses, o número de famintos crônicos subiu de 854 milhões para 950 milhões, segundo Jacques Diouf, diretor-geral da FAO (Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).
Quem pagará a fatura do Proer usamericano? A resposta é óbvia: o contribuinte. Prevê-se o desemprego imediato de 11 milhões de pessoas vinculadas ao mercado de capitais e à construção civil. Os fundos de pensão, descapitalizados, não terão como honrar os direitos de milhões de aposentados, sobretudo de quem investiu em previdência privada.
A restrição do crédito tende a inibir a produção e o consumo. Os bancos de investimentos colocam as barbas de molho. Os impostos sofrerão aumentos. O mercado ficará sob regime de liberdade vigiada: vale agora o modelo chinês de controle político da economia, e não mais o controle da política pela economia, como ocorre no neoliberalismo.
Em 1967, J.K. Galbraith chamava a atenção para a crise do caráter industrial do capitalismo. Nomes como Ford, Rockefeller, Carnegie ou Guggenheim, exemplos de empreendedores, desapareciam do cenário econômico para dar lugar à ampla rede de acionistas anônimos. O valor da empresa deslocava-se do parque industrial para a Bolsa de Valores.
Na década seguinte, Daniel Bell alertaria para a íntima associação entre informação e especulação e apontaria as contradições culturais do capitalismo: o ascetismo (= acumulação) em choque com o estímulo consumista; os valores da modernidade destronados pelo caráter iconoclasta das inovações científicas e tecnológicas; lei e ética em antagonismo quanto mais o mercado se arvora em árbitro das relações econômicas e sociais.
Se a queda do Muro de Berlim trouxe ao Leste Europeu mais liberdade e menos justiça, introduzindo desigualdades gritantes, o abalo de Wall Street obriga o capitalismo a se repensar. O cassino global torna o mundo mais feliz? Óbvio que não. O fracasso do socialismo real significa vitória do capitalismo virtual (real para apenas um terço da humanidade)?
Também não.
Não se mede o fracasso do capitalismo por suas crises financeiras, e sim pela exclusão -de acesso a bens essenciais de consumo e direitos de cidadania, como alimentação, saúde e educação- de dois terços da humanidade. São 4 bilhões de pessoas que, segundo a ONU, vivem entre a miséria e a pobreza, com renda diária inferior a US$ 2.
Há, sim, que buscar, com urgência, um outro mundo possível, economicamente justo, politicamente democrático e ecologicamente sustentável.


CARLOS ALBERTO LIBÂNIO CHRISTO , o Frei Betto, 64, frade dominicano e escritor, é autor de 'Calendário do Poder' (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004).

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

AGRADECIMENTO


Mais da metade dos vereadores que comporão o novo colegiado de vereadores da Câmara Municipal de Sorocaba foram eleitos com menos votos que a soma dos que obtive. É legal? Pode ser. Mas é justo? Quatro mil cento e treze eleitores confiaram a mim o seu voto. O sistema eleitoral atual transferiu esses votos a outro candidato, a outro partido. É justo para com a vontade do eleitor?
A questão está em debate no Tribunal Superior Eleitoral. Em entrevista à “Folha de São Paulo”, logo que assumiu a presidência do TSE, o ministro Carlos Ayres Brito argumenta, quando questionado sobre a tese do quociente eleitoral: Até que ponto a lei pode, a pretexto de implantar um sistema proporcional de votação e apuração, desconsiderar o voto do eleitor e desviar esse voto para quem não o recebeu? A lei, ao que parece, está entrando em contradição ao permitir que partidos e políticos se apropriem de votos que não lhes foram dados.
Além do debate no TSE, aqui, abaixo do Olimpo, onde vivem os reles mortais, tenho recebido muitas manifestações de eleitores contrariados, inconformados com o resultado.
Bem, mas esta é outra questão.
O que desejo neste momento é agradecer. Foram 4.113 eleitores que demonstraram seu apoio à minha candidatura. Demonstraram, com seu voto, seu apoio e sua confiança!
Com respeito aos vários questionamentos que me têm sido feitos sobre meu futuro político, ainda quero avaliar os resultados e, depois, decidir o caminho a seguir.
Obrigado pelo voto, pelo apoio e pela confiança!