segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Eco-chato?



Dia destes, depois de tentar, sem sucesso, que as autoridades competentes impedissem o corte de várias árvores nativas em um bairro da região central de nossa cidade, duas pessoas me ligaram para que eu pudesse intervir. Lá fui eu, fazendo às vezes de autoridade constituída.
Poucos dias após, um vizinho estava pondo abaixo uma árvore plantada na calçada na frente de sua casa. Parei o carro e procurei explicar sobre a ilegalidade do ato e o erro, do ponto de vista ambiental.
Na semana seguinte, outro vizinho promovia a mesma ação. Novamente desci do carro, e, entre as diversas explicações e tergiversações ouvi, estupefato, a de que a inocente quaresmeira que enfeitava a calçada era esconderijo de marginais(sic). Não pude conter a ironia: “Minha senhora, tá descoberta uma forma eficaz de combate à criminalidade! Proporemos o corte de todas as árvores da cidade”, disse-lhe.
Um pouco antes destes fatos, havia denunciado à Promotoria que um estabelecimento comercial construiu um estacionamento em Área de Preservação Permanente, situada a poucos metros do leito do Rio Sorocaba, bem no centro da cidade. Note bem o que escrevi: Área de Preservação Permanente.
Não consigo controlar o ímpeto de parar, discursar, vociferar e denunciar quando testemunho agressões ao meio ambiente, mas, fico me perguntando: se um cidadão (eu) entre 576.068, num raio de quase 456 km2, em apenas um mês, se depara com todos estes fatos, o que não deve passar longe de nossos olhos e dos olhos das “autoridades competentes”em todo o território do município?
No que tange à arborização urbana, as leis não têm se mostrado suficientes. É necessário, minha cara amiga Jussara, secretária de Meio Ambiente, que se realizem campanhas intensas para a divulgação da proibição e as conseqüências relativas ao desrespeito, especialmente da legislação municipal específica e da lei de crimes ambientais.
Necessária, também – e cuido de solicitar publicamente - que se realize uma audiência pública, com a presença de especialistas e demais interessados para a revisão da legislação municipal. Legislação, aliás, oriunda de um Projeto de Lei de Iniciativa popular, cujas ações para a coleta de 13 mil assinaturas, tive a honra de coordenar.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Projeto Mucky e o papel de cada um





Recentemente, tive a oportunidade de conhecer o projeto Mucky, criado em 1985 para dar assistência a primatas brasileiros provenientes de abandono ou do tráfico de animais silvestres. É o único do gênero no Brasil.
Foi muito bom ver a dedicação, a sensibilidade, a generosidade e o carinho para com primatas, filhos de nossas matas. Aliado a estes atributos, ressalto a alta competência tecno-científica.
Tudo isto deveria deixar-me feliz. Em parte, fiquei, especialmente, por conhecer pessoas com elevado grau de desprendimento e generosidade.
Mas foi muito sofrido conhecer os motivos que fizeram com que cada um daqueles saguizinhos ou bugios chegassem até o Projeto Mucky. Um deles, por exemplo, ficou cego por conta da brasa de cigarro que lhe foi colocada próximo da córnea. Muitos têm problemas seríssimos de locomoção em razão de maus tratos ou de processos absurdos de transporte desses bichinhos para o comércio.
Ruim também ver a dificuldade pela qual passa o projeto por falta de receita sistemática que dê a sustentação que merece e necessita.
O Muckyenfrenta sérias dificuldades para manter sua estrutura e o seu padrão de qualidade de atendimento.
Eles fazem, e bem feito, a parte deles.
O que cabe a nós?
Cada um de nós que se dispõe a ter um bichinho silvestre como animal de estimação deveria saber que estimula o tráfico de animais. Deveria saber que poucos sobrevivem nesse caminho, especialmente, por conta das condições precárias de captura e transporte.
Portanto, não compre animais, especialmente, os silvestres.
Há várias formas de ajudar o Projeto Mucky. Para conhecê-las, visite o seu site.
A adoção ou o apadrinhamento dos pequenos animais seria uma delas; a outra, muito importante, seria adotar um funcionário.
Certamente, cada ouvinte há de achar a forma adequada de contribuir.
O endereço do site é www.projetomucky.com.br

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Restaurante é fechado por vender carne






Notícia de novembro de 2009: Dois restaurantes foram fechados, no Bom Retiro, em São Paulo, por vender carne de cachorro.
Havia motivos de ordem legal – abatedouro clandestino e a proibição, no Brasil, de abate de cachorro para o consumo. Seu proprietários foram presos.
O fato causou comoção, não pelo aspecto legal, mas pelo cultural. “Nossa, eles pegavam cachorros na rua, matavam e vendiam a restaurantes que os ofereciam cozidos ou assados a seus clientes”, espantam-se os leitores da notícia. E é este aspecto que quero abordar, o lado ético-cultural da relação dos seres humanos para com os animais.
Detalhe da notícia:os proprietários eram coreanos e os frequentadores do restaurante, via de regra, também eram. Na Coréia, a carne de cachorro é vendida e consumida normalmente.
Em visita à Itália, certa vez vi, no espaço destinado à venda de carnes de uma grande cadeia de supermercados,um setor só para a venda de carne de cavalo.
Considerando todos estes fatos, do ponto de vista ético, pergunto: que diferença faz comer carne de vaca, de cavalo, de porco, de cachorro, avestruz, macaco ou gato? Aliás, o porco é, por exemplo, um animal domesticável, inteligente, limpo e usado, inclusive, na Europa, para farejar trufas, dado o fato de que seu faro seria mais apurado do que o dos cachorros. Em meu ponto de vista, diferença ética nenhuma.
Há, evidentemente, diferenças culturais (porco, aqui pode, cachorro, não)e relativas aos impactos ambientais que provocam (o gado provoca mais impacto do que a criação de galinhas).
Notícia de novembro de um ano futuro: fico imaginando um cenário dado por uma mudança de postura ético-cultural-ambiental onde a espantosa notícia seria
restaurante fechado por vender carne.

P.S. Gostei muito de ver o artigo(ainda com uns pequenos erros, aqui já acertados) publicado na Agência de Notícias de Direitos dos Animais (Brigadão, Carol!) e do vídeo que a Goveg passou, demonstrando de forma insofismável o que afirmei sobre a inteligência dos porcos.
Veja o vídeo, vale a pena!http://www.metacafe.com/watch/1973925/nunca_mais_como_carne_de_porco/