segunda-feira, 24 de novembro de 2008

SECRETARIA OU PERFUMARIA?


Após ultrapassar a casa dos 600 mil habitantes, Sorocaba poderá ter, finalmente, sua Secretaria de Meio Ambiente.
Nossa cidade é uma das raras cidades deste porte no Brasil, que não dispõe de uma secretaria de meio ambiente.
Há mais de uma década, reclamando de sua inexistência no município, quero saldar seu nascimento, sem contudo, deixar de pontuar algumas preocupações.
Em primeiro lugar quero questionar a motivação. O que levou o atual governo a propor a criação desta secretaria? É bom lembrarmos que o município tem investido pouco ou quase nada em ações de cunho ambiental. Alguns exemplos:
A ausência de um Plano Diretor de Arborização Urbana. Atualmente, arborização urbana responde apenas a critérios de ordem estética;
• O baixo nível de investimento em Coleta Seletiva de Lixo;
O pouco investimento em Educação Ambiental nas escolas e fora delas;
• O não cumprimento da lei que promove a compensação por emissões gasosas no município, entre outras; (a lei referida está há quase quatro anos para ser regulamentada).
• O Conselho de Defesa do Meio Ambiente ficou por mais de 10 anos, praticamente sem se reunir. A presidência, por lei municipal, pertencia ao secretário de urbanismo e este só convocava as pouquíssimas reuniões para aprovação de matérias de interesse da prefeitura.
Porém, veja só, neste meio tempo, é lançada a certificação“Município Verde” que estabelece a necessidade de que o município cumpra dez diretivas, entre as quais, que disponha de um conselho de meio ambiente, paritário, deliberativo e atuante e um órgão gestor ambiental.
Se o município não atingir determinada pontuação, deixará de ter acesso a várias possibilidades de acesso a recursos estaduais, como aqueles originados do Fundo Estadual de Recursos Hídricos.
A política da Secretaria de Estado de Meio Ambiente parece estar dando certo quando, menos por consciência ambiental e mais por estar “de olho” nos recursos econômicos do estado, os municípios estão procurando se adequar às dez diretivas.
Sorocaba, logo tratou de reformular a lei do Conselho de Meio Ambiente e agora anuncia a criação da secretaria de meio ambiente.
Isto é bom? Pode ser, mas é necessário que sejam respondidas algumas perguntas:
O governo tucano, há 16 anos no poder, teve um acesso de consciência ambiental de uma hora para outra?
A futura secretaria só vai cumprir tabela com vistas à pontuação do “Município Verde” ou será uma secretaria “prá valer”?
A nova secretaria terá pessoal técnico capacitado, orçamento compatível com as necessidades e um secretário com apoio político do prefeito para os enfrentamentos internos e externos que existirão?
Espero que o tempo, e não o discurso, nos mostre respostas positivas a estas indagações,caso contrário a tal secretaria será SÓ PERFUMARIA!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ABACAXI NÃO DÁ EM ÁRVORE



Há uma história muito pitoresca que ouvi de minha esposa e que sempre gosto de contar.
Soube que há muito tempo, um italiano conhecido da família, ao experimentar abacaxi, apaixonou-se por ele. Um dia, saiu com essa pérola: "meu sonho é subir em um pé de abacaxi e me fartar de tanto comer a fruta". Coitado, no mínimo, sairia todo espetado!
Não tinha obrigação de saber que a "árvore" seria uma bromeliácea rasteira e espinhenta.
Sorocaba, apesar de um intenso grau de insolação, tem sido aquinhoada pelas administrações tucanas com praças áridas. Praças que compõem, com os canteiros centrais das avenidas, uma paisagem pasteurizada formada por grama esmeralda, arbustos e palmeiras. Aliás, muitas palmeiras!
Uma tarde de verão, passei por uma praça próxima da Avenida Américo de Carvalho e chamou-me a atenção o fato de um trabalhador descansar sentado em um dos dois únicos bancos, sobre um retângulo de concreto e sob o escaldante sol das quinze horas. Nem uma sombra. Nem uma mísera sombrinha! Era uma praça formada por, claro, grama esmeralda, aqueles dois bancos e uma dúzia ou pouco mais de palmeiras.
Os técnicos da prefeitura deveriam usar melhor seus conhecimentos sobre a fisiologia vegetal e as qualidades ambientais de uma árvore. Estes, sim, deveriam ser os critérios primeiros a se lançar mão para a escolha das espécies que deveriam compor a arborização urbana.
Que fique claro: nada contra os atributos paisagísticos das palmeiras, mas por que não se perguntar o óbvio: quanto de sombra fornecem aquelas palmeiras? Quanto de oxigênio produzem e quanto de gás carbônico absorvem? Quanto uma palmeira umidifica o ar? Quanto resfria o ambiente? Façam-se as mesmas perguntas, por exemplo, em relação a uma frondosa Tipuana.
Pronto! Duvido que a escolha recaia sobre as tais palmeiras.
Ora, árvore não serve só para embelezar o ambiente! Isso é importante, mas essa não é sua principal qualidade.
O italiano podia não saber nada de abacaxi, árvores ou bromélias, a não ser seu sabor, mas os técnicos da prefeitura não podem ignorar que as árvores não são puro enfeite!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Alguém viu esta primavera por aí?



Ela ficava naquela pracinha bem atrás do Shopping Sorocaba. No meio de uma pequena rotatória.
A falta de investimento em transporte público tem levado a prefeitura em promover frequentes intervenções no sistema viário.Mas,neste tópico isso (falta de investimento no transporte público)é secundário, ainda que seja importante. Ficará para outra vez.
A questão central aqui é: se houve necessidade de reforma e se alí estava plantada, há muitos anos, uma belíssima primavera, por que ela não foi preservada? Não poderia ter sido retirada com um grande torrão de terra e replantada no mesmo local? Ou a alguns metros lado? Isso, considerando que sua retirada seria inevitável.
Será que o carro, novamente, junto da insensibilidade de nossos administradores, ganhou mais essa batalha contra a beleza natural?
É a prevalência do asfalto e o concreto junto com a paisagem pasteurizada por grama esmeralda e palmeiras (e quantas!!!!). Ah! Agora temos vasos, também!
Procuro essa primavera e tantas outras que a cidade está perdendo.
Fique de olho nas belas árvores de Sorocaba.